A SELVA DA POLÍTICA
28.09.2004
José Olímpio - Drt.11
Durante a campanha eleitoral o mundo animal da política (o homem não é um animal político?), feito de partidos e homens, vira uma selva. Adversários políticos atacam mais do que se defendem, desacatam autoridade, ameaçam de morte, etc. As promessas eleitoreiras entorpecem os eleitores ingênuos e carentes. Chega-se a ouvir choro e ranger de dentes entre aqueles que acreditaram na vitória, mas que ganharam somente as dívidas para pagar depois, sabe Deus quando e como. Se o período da campanha eleitoral fosse mais longo as consequências seriam piores.
Deixando de lado o aspecto da selvageria, vamos tratar desta questão à luz da Ciência Política que ensina que a política que deve vigorar é a do povo e não do governante eleito. Pode acontecer que o eleito leve para o poder a sua ideologia que não é a mesma da grande maioria da população.
O governo é o gestor das relações entre os interesses públicos e privados, daí porque precisa ter uma política eficaz que atenda os objetivos da sociedade civil. A questão da relação entre o capital e o trabalho é uma responsabilidade Institucional. Exemplo: o que o empresário acha das facilidades que os candidatos oferecem aos estudantes com relação às passagens de ônibus?
Lord Keynes defendeu um Estado que garantisse o bem estar pleno (o welfare stat). Mas falta condição econômico-financeira para o Estado realizar esse papel de caráter econômico de sua inteira responsabilidade. Isto é, falta poupança para investimentos que gerem empregos, mas empregos definitivos. É preciso tratar com seriedade a política que na prática significa ter a capacidade de identificar as necessidades e formular as políticas públicas capazes de atender as necessidades e as aspirações do povo.
Será que desta vez o eleitorado está mais amadurecido para não brincar de votar, uma vez que o direito do cidadão transcende o direito e votar e ser votado? É preciso viver o direito de participar do processo de escolha dos candidatos e da formulação dos programas e planos de governo. É preciso não perder o vínculo com o candidato depois de eleito e empossado.
Resta discutir a questão do voto obrigatório que, pela experiência de longos anos, tem servido de instrumento de exploração dos eleitores sem instrução e sem consciência política.

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