Major Carlos Braga
Associado nº 574
E então, Joaquim?
Tudo correu mal, mesmo a centrada Rainha, a tornaram senil.
Joaquim, o seu apelido é galego e, só lá, se troca o J pelo X.
Se vê claramente porque tu fostes o escolhido,
o seu apelido, português não é, questão que se apresenta o x.
Somente em 1821, o tribunal do suplício teve fim,
no entanto, já não há Joaquim.
E então, Joaquim?
A sua patente, em fogo ardente, perante à Coroa ficou pendente, como Oficial português,
cabia a defesa da soberania, a defesa interna e externa e o exercício do direito de tributações,
no entanto, as suas escolhas só lhe trouxeram tribulações.
Se tornaram crime de lesa-majestade e contra o seu real estado,
a par de todas as suplicações, em uma forca, ficou pendente e a sua dor ecoa em mim.
Já não há Joaquim, tudo teve um fim, a imprensa não noticiou, o registro se apagou,
o solo foi salgado e tudo quanto possuía se resumia ao amor à colônia e às pessoas com as quais celebrava a epifania.
O suplício em praça pública, com requintes de crueldade, não revela apenas maldade,
muito mais do que isso, revela o poder tirano da majestade, que a liberdade afogou.
Sim, Joaquim já não existe, e então?
A nada serve destruir o perverso marco da ignomínia, Joaquim é morto,
Cem anos se passaram, desde a insurreição em Minas Gerais,
até que a República, pôs fim à realeza e em linhas gerais,
elevou Joaquim à galeria de mártir e herói da pátria, edificando o seu panteão.
Joaquim, me diga: “onde estão os seus?”
Nada sabeis, porque até o apelido, perdeis.
A crueldade que imperava, apagou toda a memória,
com certeza, há Joaquins, muitos, infelizmente, sem história,
pois a treva que se abatera, impediu o registro dos seus.
Não se esmoreça Joaquim, ainda estamos tentando viver os seus ideais,
guardamos cada gesto teu e, sobretudo, o compromisso com a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Joaquim, aprendemos de ti numa terra onde tu és Mártir, Ícone e Patrono,
valorizamos as pessoas que herdaram de ti o sentimento de lutar e viver por razões sem fim.
A par de tudo isso, só nos resta perguntar: “E então, Joaquim?”
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