Qual é a nossa geração dentro
do conceito temporal?
Carlos Alberto da Silva Santos Braga
(Acadêmico Correspondente)
Quando se estabeleceram as bases do pensamento econômico, que suportaram os estudos de Adam Smith, definiu-se como regra para determinar as gerações e a recomposição da força de trabalho um quarto de século. Assim, até hoje, quando se fala em gerações o limite temporal que nos vem à nossa mente é de 25 anos. Isso não quer dizer que quem nasceu há 25 anos passados já não pertence à geração atual, pois passado um dia dos 25 anos do limite temporal, a geração atual é outra. Isso é um equívoco interpretativo, ou seja, uma falácia. A minha, a sua, a nossa geração não se define como a minha, a sua, ou a nossa classe de formatura, um ano é um marco e não uma geração. Dar nomes, criar esteriótipos, ou ainda, qualificar uma geração pelas ferramentas disponíveis num mundo do conhecimento é a maior das hipocrisias, só faz sentido para quem formulou o conceito e os pares que o validaram num mundo de pura retórica, contingenciada pela necessidade de atribuir um nome. Uma geração, do ponto de vista de geração de riqueza e reposição da força de trabalho, como argumento conceitual da riqueza das nações é sim de 25 anos, mas não se aplica ao momento atual porque a sua concepção conceitual foi numa época de condições de trabalho, vida e salubridade eram próprias daquele momento. A nossa geração sob o prisma tempo conceitual é aquela que passa pelos mesmos dilemas, enfrentando-os com os mesmos conhecimentos, com as mesmas habilidades e com as mesmas ferramentas, encontrando ao final uma mesma lógica na sua solução. Facilmente explicável quando se aborda algo comum a todos nós, como por exemplo a formação para a vida. Numa imagem simples, vamos admitir como hipótese a vida escolar, com os nove anos do ensino fundamental e os três anos do ensino médio. Nesses 12 anos, tanto o entrante como o finalista vivem o mesmo modelo de produção do conhecimento, com as mesmas regras, os mesmos recursos e o mesmo direcionamento construído a partir das políticas públicas de educação. Mesmo sendo uma instituição particular, as diretrizes são estabelecidas pelo poder público, pois o objetivo é a qualificação para o ensino superior. Ao ingressar no ensino superior, ou mesmo no ensino profissionalizante, o foco será vencer aquela fase de formação, encontrar um bom estágio, ser reconhecido no estágio e acessar o mercado de trabalho e enfim ser um profissional, onde o mérito decorre não mais das políticas públicas de educação, nem do intercâmbio mercado de trabalho e escola e nem tampouco dos processos, mas sim da sua capacidade de entender o mundo - habilidade e competência. Não é um processo fácil e acaba por consumir outra parte das nossas vidas, de forma clara e ao olhar para os nossos lados perceberemos que já não são apenas 25 anos, a idade já se passou e ainda não reproduzimos, as estatísticas dizem isso, os censos reforçam isso e a história oral de cada um de nós confirma isso. Sim, 25 anos não definem mais as gerações, o que as definem são os problemas próprios de cada sociedade em lugares, condições de desenvolvimento, capacidade de manutenção da vida e do capital intelectual, respeito pela natureza e produção de alimentos e principalmente com o ser humano, algo muito complexo num mundo das informações que, invariavelmente, não se preocupa com a verdade necessária - aquela que filosoficamente trata da origem. As gerações de hoje são produtos do momento que vivemos, obviamente que os não-esclarecidos, os incapazes, os não habilitados ao conjunto das informações e os cerceados de direito de aprendizagem, não têm culpa das consequências decorrentes, exceto se o fazem por manipulação ideológica, por manipulação dos meios de comunicação social, ou ainda por procurar usufruir vantagens que desconsideram a humanidade e validam apenas a sua mais-valia, outra abordagem do pensamento econômico. Em suma, para qualquer direção que se tende analisar as gerações, dentro do contexto temporal, o ingrediente do Homo Economicus será o cerne da análise, afinal o homem é produto do meio e a barbárie e o progresso são como a roda do tempo, indiscutivelmente, retornaremos à barbárie, para assim alcançar um estágio de progresso mais avançado, com esta abordagem manifestava-se Giambattista Vico no século XVIII, ou seja, nada é novo.
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