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Foto do escritorJosé Ribamar Castro

SUICÍDIO EMOCIONAL

Atualizado: há 4 dias

Morre um pouco a cada dia, em silêncio, devagar,

Sem corte na pele, sem pular no escuro mar.

É um adeus que não grita, um aceno calado,

É deixar de sentir, é ficar estagnado.


É o abandono sutil do próprio querer,

É perder-se na sombra, deixar de viver.

É fechar os olhos para o que há de belo,

É enterrar-se em cinzas, num amargo flagelo.


É sufocar as palavras que querem brotar,

É fingir que se ri, quando é só para evitar.

É a lágrima seca que mais desce,

É um sorriso vazio que já não se esquece.


É calar o desejo de um toque, um afeto,

É construir ao redor um fio amuleto.

É cortar os laços, soltar-se ao relento,

É viver como pedra, sem cor, sem alento.


Cada gesto evitado, cada sonho apagado,

É um fio que se corta, um caminho cerrado.

E o coração vai murchando, perdendo o compasso,

Num lento desfazer-se, sem abraço, sem laço.


Não é a morte física que chega ao final,

É desistir de si mesmo, um ato fatal.

É o suicídio invisível, sem sangue ou veneno,

Mas que mata o ser vivo, de forma mais plena.


Então, resta o vazio, a ausência, o nada,

De um vida que segue, mas já é abandonada.

E o tempo persiste, sem cor e sem brilho,

Num suicídio emocional, em um lento exílio.

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