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ACADÊMICOS

EFETIVOS E PERPÉTUOS

ACADÊMICO

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GILMAR

VALE FRAZÃO

Cadeira nº 17

De família humilde, mas, pessoas guerreiras de São Luís, no Maranhão de um total na época de quatorze irmãos, onde quatro irmãs faleceram ainda crianças, não tendo o prazer de conhecê-las, viveu e cresceu num bairro pobre da região das nascentes do rio anil no bairro Aurora.

Nasceu no ano de 1962, no dia 24 de outubro, filho de Apolinário Araújo Frazão e Terezinha Vale Frazão.

Ao seu nascimento, sua mãe queria colocar o mesmo nome de seu pai, mas este retrucou dizendo: “este nome não, isso parece um insulto, prefiro colocar Gilmar’’. Assim, faria uma homenagem ao goleiro da seleção brasileira de futebol da copa de 1962.

Embora que de futebol, não tenha nenhuma habilidade com a bola.

Na rua onde morou, no bairro da Aurora, juntamente com a garotada da sua idade, costumava brincar pelos quintais dos vizinhos de “bang-bang” (mãos ao alto), relembrando o quão era maravilhoso brincar de herói do velho oeste. Entretanto, o que mais gostava mesmo, era de riscar papel, fazendo seus desenhos rudimentares, que aos poucos foram melhorando. Mas, era comum tomar uma “coça” da sua mãe, quando resolvia desenhar nas paredes da casa, residência de pau-a-pique, rebocada com cal virgem e pintada com tinta d’agua azul céu.

Não se recorda de muitos fatos acontecidos consigo na infância, apenas, alguns flashes. Contudo, um fato o marcou, nunca esquecendo dos detalhes: possuía entre 4 e 6 anos de idade e cursava na escola Ada Carvalho o jardim de infância quando em um dia 12 de outubro, juntamente com seus colegas, foram levados em um ônibus, ao embalo da canção “criança feliz, feliz a cantar...’’ para passear em uma fábrica de refrigerantes no bairro Outeiro da Cruz. No pátio da fábrica, anunciaram um concurso: quem fizesse o desenho mais bonito ganharia um prêmio. Assim, todos receberam uma folha de papel branca presa a uma prancheta pequena e vários lápis de cor, não entendeu o fato, na época, por que enquanto todas as outras crianças receberam um estojo contendo vários lápis coloridos, o mesmo recebeu apenas dois, um preto e um marrom. Sem muitas opções para fazer um belo desenho, pois, sua mente não era tão aguçada como na atualidade, ficou a pensar, o que fazer? Nesse ínterim, viu encostada num canto do pátio, uma garrafa do refrigerante mais famoso daquela fábrica, então foi até lá, sentou-se no chão e começou a rabiscar com o lápis preto o desenho da garrafa e em seguida fez o conteúdo da garrafa com o lápis marrom. A essa altura, foi quase o último a entregar o desenho, e sentindo-se envergonhado, entregou-o virado com o desenho pra baixo, para a jovem que estava recolhendo os desenhos, não visse.

Logo em seguida, começou a avaliação dos desenhos e só ouvia: “Ooooh que lindo! Quando chegou no último que era exatamente o seu, o gerente perguntou: “Quem fez esse desenho? Quem fez?” Deixando-o apavorado convicto de que havia feito algo muito ruim, escondeu as mãos debaixo das axilas em pânico. Quando disseram: “que maravilha, muito lindo, essa criança é um gênio”. Pela primeira vez, era exaltado por uma arte que fizera a mão livre, ganhando como prêmio uma caixa de biscoito cream-craker e uma grade de refrigerantes Caçula. Foi o seu primeiro troféu, produzido apenas com dois lápis de cor, um preto e um marrom.

Aos 12 de idade, passou por tempos difíceis quando seu pai “Senhor Apolinário’’ faleceu, devido a complicações pulmonares pelo excesso do uso de cigarro; assim, viu-se obrigado a trabalhar, para ajudar a sua mãe no sustento da casa, pois ainda tinha 4 irmãos mais novos que precisavam de cuidados. Fase ruim, mas, da qual se lembra com muito orgulho, pois, vendia picolés nas ruas, vendia laranja a tarde inteira até anoitecer, iluminando a banquinha de madeira com uma lamparina à querosene, num ponto de ônibus onde passava a linha Popular/Ipase da extinta empresa de ônibus Transútil. Também vendia pirulito, cocada e etc., em cuja oportunidade, levou muito calote dos rapazes mais velhos, pois o viam franzino e fracote para exigir pagamento.

Esses fatos, despertaram o desejo intenso de não ser mais subjugado e humilhado, quando aos 13 anos começou a praticar artes marciais, o Karatê-Do Shorinjin-Kempo, artes mortais, com seu grande amigo e mestre o professor e policial militar Antônio Rocha “Bita’’, como era conhecido por seus alunos, cuja alcunha, permanece até hoje. Foi um dos melhores alunos, pois a determinação em não se deixar ser subjugado falava mais alto. Melhorou significativamente sua performance quando passou a servir ao Exército Brasileiro (ExB), no ano de 1981, onde os exercícios físicos lhe propiciaram mais habilidades; em duas oportunidades, foi desafiado para combates e venceu.

Venceu um outro combate na própria academia onde treinava, onde um lutador desafiou seu mestre, e este lhe mandou lutar em seu lugar, não sabe se foi um teste ou se era para ele analisar o oponente, só recorda que venceu o combate arremessando violentamente o oponente contra a parede.

Mas os desejos por vencer lutando fisicamente foram atenuando resolvendo conquistar e vencer com o que tinha de melhor e mais precioso, as ARTES PLÁSTICAS, pois no seu íntimo era o que mais gostava. Ainda no ExB, passou a trabalhar com artes, onde preparava os quadros murais de instrução dos oficiais e sargentos da sua unidade a C.C.S. (Companhia de Comando e Serviços) e ali permaneceu até fevereiro de 1984, quando ingressou na briosa Polícia Militar do Maranhão (PMMA), através de concurso público.

Na PMMA, voltou a sentir subjugado, pois, era raro ouvir as palavrinhas mágicas: “Por favor”, “Muito obrigado” e outras, o que acabou por angariar alguns inimigos.

Mas as artes rompem barreiras e transpõem obstáculos, assim conquistou através dela o seu espaço na corporação, pois, ainda no curso de formação, criou o escudo do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) que garantiu sua permanência na Unidade de Ensino e em 1986 passou a ilustrar manualmente as apostilas e provas dos alunos dos cursos de soldados, cabos e sargentos que eram rodadas em mimeógrafo.

Criou o primeiro escudo do Esquadrão de Polícia Montada (Cavalaria) e conjuntamente com o Aspirante Tupinambá, o escudo da Academia de Oficiais da Polícia Militar; ilustrou o Regulamento de Uniformes da Policia Militar do Maranhão (RUPOM) e nesse mesmo tempo criou todos os brevês dos cursos de soldados, cabos, sargentos e oficiais da Polícia Militar.

Fez o novo modelo da Identidade funcional da corporação. E gostava muito quando era designado para pintar os letreiros e os escudos das Unidades de Policiamento da capital, quando aproveitava para “macetear” e onde se divertia muito.

Produziu muitas artes e telas que foram enviadas para a Itália, fez trabalhos de cenografias para várias peças teatrais e ballet, encenados nos teatros Arthur Azevedo, Alcione Nazaré e João do Vale. Realizou e realiza até hoje, muitos trabalhos artísticos para várias escolas da capital do Maranhão.

Nesse interregno de tempo, teve o imenso prazer em conhecer o Tenente (na época) Carlos Augusto Furtado Moreira, hoje Coronel, do qual se tornou grande amigo, vez que este percebeu nele um talento a ser explorado e valorizado “não como alguém que tinha que ir na carroceria por ser soldado e sim na boleia por ser artista”. Hoje, sente-se extremamente honrado, pois tornou-se membro Efetivo e Perpétuo da Academia Maranhense de Letras e Artes Militares (AMCLAM), a convite deste seu valoroso amigo, onde passou a ocupar a cadeira nº 17 que tem como patrono Alberto Corrêa Maia.

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