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ACADÊMICOS

EFETIVOS E PERPÉTUOS

ACADÊMICO

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Cadeira nº 33

Nasci em 1950. Criado por pais adotivos, sem formalização. Cresci no Bairro do Lira, onde percorri toda a trajetória, de criança (dentro de casa), adolescência (jogando bola em frente da Igreja de São Roque, tomando banho de chuva) até início da fase adulta (indo pras festinhas, saindo em bloco de sujo, componente da “Quadrilha de Cigarro” nas festas de São João e procurando trabalho. A casa dessa época ainda está de pé, localizada na praça que recebe o nome do Bairro.

   As lembranças desse período são as normais, alfabetização por professora leiga, D. DOMINGAS, ainda com o apoio da palmatória; primário parte em escola pública Sotero dos Reis próximo da Igreja de São Pantaleão, onde tínhamos à disposição um pé de cajazinho, boizinho (melão de são Caetano), goiabeira, caju doce e caju muito azedo; e parte em escola particular na Rua de Santaninha onde ensinavam D. NANÁ, 1ª a 3ª; D. SENCINHA, 3ª e 4ª; e D. EGLANTINE 5ª série e exame de admissão.

    Saí da escola pública para cursar a 5ª série com D. EGLANTINE, inclusive para preparação ao exame de admissão que seria realizado no Liceu Maranhense. Não passei na seleção e voltei a cursar a 4ª série, se quisesse ficar na escola delas. Ainda assim não consegui êxito no Liceu. Como não podia pagar para frequentar o ginásio em colégios particulares, Ateneu, São Luís etc., fui levado para trabalhar na roça, no interior do Município de Cantanhede, em propriedade dos pais adotivo. Confesso que não era fácil, por exemplo, armar coivara (parte do que era derrubado no roçado e não queimava totalmente no primeiro fogo, era amontoado para queimar de novo, capinar, cortar arroz com faca (pico insuportável).

                  É provável que essa experiência tenha contribuído para não desistir dos estudos, pois tomei conhecimento de uma seleção do Colégio Maristas para pessoas da comunidade cursarem o ginásio. Me escrevi, passei e concluí o ginásio no período noturno. Diga-se de passagem, que os professores que ensinavam no período matutino e/ou vespertino, também lecionavam para essa turma. Lembro-me, ainda, dos Professores Carlos Alberto (português); Muniz (matemática), dos Irmãos Lobato (foi inclusive secretário de educação do Estado); Lourenço e Anselmo.

   Concluído o ginásio, frequentei o científico, no período noturno numa escola que ainda existe na Praça do Lira, sendo que quando cursava o segundo ano, em 1970, fui aprovado no concurso para frequentar o Curso de Oficias da Polícia; curso que conclui em 20 de dezembro de 1974, na Academia de Polícia Militar do Ceará, quando fui declarado aspirante – a Oficial PM. Então, com 24 anos retornei ao Estado de origem para seguir a carreira profissional.

    Reportando-me ainda ao período adolescência/adulto, trabalhei como office boy no consultório do Dr. Wener Guimarães Passarinho, localizado defronte da antiga Sapataria Piauiense, na Rua Grande; tentei ser barbeiro, mas nunca aprendi aparar cabelos; fui telefonista de posto de taxi, Posto Volante, situado na Av. Magalhaes de Almeida, em frente ao então Ferro de Engomar, de onde saí para a PMMA. Um dos motoristas da época, Sr. Elpídio é meu compadre, ainda vivo e residente na COHAMA com a esposa minha comadre Noca, aos quais tenho grande estima. 

          

  Após ter sido declarado aspirante em dezembro de 1974, fui promovido a segundo tenente em 11 de agosto de 1975, com data retroativa a junho de 1975, casei-me com Maria da Penha Bastos Moraes, na Igreja de N. Srª. de Fátima, situada na Av. Treze de maio, em Fortaleza, em 23 de agosto de 1975, ficamos três dias no Savaná Hotel, em frente à Praça do Ferreira (presente de padrinhos de casamento); e de lá para cá nasceram Áglla Maria e Kairo Roberto. Residimos no Lira, no Codozinho de baixo, no Codozinho de cima (defronte da Turma do Saco); na Jordôa, em Imperatriz, no Residencial Vinhais, em apartamento no São Francisco, no COHAFUMA e mais recentemente no São Francisco de novo. A família aumentou em 2008 com a chegada de Caio Felipe, filho da Áglla.    

  Quanto a carreira profissional, como segundo tenente exerci funções normais inerente ao posto, no Primeiro Batalhão, ainda no Convento das Mercês, incluindo a de instrutor; em seguida veio a promoção a primeiro tenente em 1977, sendo que nesse posto, servi no então Batalhão de Trânsito (BPTran). Comandei uma das companhias, atuei na fiscalização do trânsito, e fui designado em 1978, para frequentar, com oficiais subalternos e intermediários das Regiões Norte e Nordeste do país, um curso de trânsito no Centro de Tecnologia da UFCE, com duração de três meses, envolvendo o tripé da segurança no trânsito: engenharia, educação e fiscalização.

   Após concluir o Curso fui designado para comandar a recém criada Companhia de Polícia Rodoviária Estadual. Ao assumir o comando, fui designado para retornar a Fortaleza (primeira vez que utilizei avião como transporte) para receber os radares que seriam utilizados na fiscalização do trânsito nas rodovias estaduais. A corporação recebeu viaturas do tipo Caravan, da Chevrolet, para o patrulhamento, tudo patrocinado pelo DENATRAN, com o fito de reduzir os acidentes de trânsito, principalmente com vítimas fatais, àquela época já preocupante; e, contribuir para a fluidez do trânsito de modo seguro.

    Apesar de todo o investimento no Maranhão não houve resultado, pois o principal pilar do projeto, realização de convênio com o DER para custeio das operações nas MA’s, não foi efetivado; razão pela qual sem manutenção as viaturas e os radares foram sucateados. Assim, o ente Estado era, até bem pouco tempo, o único Ente Estadual da Federação que não tinha Policiamento Rodoviário Estadual. Atualmente existe o BPRV.    

           

  Em março de 1979, ainda primeiro tenente, como convidado, compus a equipe comandada pelo então Cel. Gedeão Pereira de Matos, Chefe da Casa Militar no Governo do Dr. João Castelo Ribeiro Gonçalves, onde cheguei a exercer, simultaneamente, a chefia do setor de transporte terrestre, coordenadoria de transporte aéreo e o Comando da Companhia de Guardas Palácio, no período de março de 1979 a março de 1983; vindo, ainda, após retornar para a tropa comandar o Pelotão Feminino, chefiar a garagem e  servir no 1º Batalhão de Polícia Militar; novamente no BPTran, onde exerci função de P/1 (secretário), trabalhei na fiscalização do trânsito e fui indicado para frequentar estágio de trânsito em São Paulo, maio de 1984. Galguei o posto de Capitão PM, em outubro de 1984, com data retroativa a abril.

   No posto de Oficial intermediário, logo ao ser promovido, fui transferido para o 3º Batalhão de Polícia Militar, sediado em Imperatriz, no qual permaneci até janeiro de 1987, quando fui desligado da Unidade para frequentar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) na Academia de Polícia Militar do Ceará.

    Exerci nesse período a função de secretário (P/1); P/4; e respondi algumas vezes pelo Subcomando da Unidade. Coordenei a formação de soldados PM/86, curso realizado naquela Unidade. Foi uma importante experiência, pois ainda havia resquícios da influência da Serra Pelada na região, fato que gerava muitas e graves ocorrências atendidas pelo Batalhão, pois garimpeiros se metiam em arruaças

 

frequentes; além de criminosos de alta periculosidade que também praticavam assassinatos no município e seu entorno. Vários policiais foram mortos, era raro o mês em que não velávamos um companheiro. Um foi vítima de acidente de trânsito quando, em um veículo não apropriado, patrulhávamos a BR 222, entre Buriticupu e Santa Luzia, na qual ocorria a época altos índices de assaltos a ônibus.

  Como na Unidade só cumpríamos um expediente, cheguei a compor o corpo docente da Escola Fortaleza e exerci a função de coordenador dos turnos vespertino e noturno. Escola em que meus filhos estudavam no turno matutino.

   Nessa passagem por Imperatriz, fui designado para comandar a 3ª companhia isolada pertencente ao Batalhão, com sede em Barra do Corda, ali permanecendo por aproximadamente 4 meses.

 Fui transferido do Batalhão em fevereiro de 1987, para frequentar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) na APM/CE. Após concluir o CAO, em segundo lugar da turma, fui imediatamente promovido a Major PM, dezembro de 1987.

   No oficialato superior, como major, exerci funções típicas como subcomandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, subcomandante do 1º Batalhão, (quando o Confrade Lopes era o comandante do Batalhão) Adjunto de Seções do Estado Maior Geral (EMG), 4ª e 5ª, comandante da 2ª Companhia Independente sediada em Pindaré Mirim; e excepcionalmente chefiei a 4ª e 5ª seções;  comandei o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças por onze dias, pois o Comandante Geral da época nomeou-me comandante interino da Unidade, tendo em seguida determinado que passasse o comando formalmente para o substituto, então argumentei que não era obrigado a proceder daquela forma sendo interino, e que passaria o comando no gabinete. Obedecendo o rito regular com tropa formada, só o faria se fosse nomeado comandante. E assim ocorreu.

  Outro episódio marcante desse período no posto de major, foi a veemente discordância da nomeação de um coronel PM da reserva remunerada para o cargo de Comandante Geral da Corporação, em 1990, tendo, por isso, acompanhado 72 oficiais entre superiores, dentre estes o Confrade Bastos, intermediários e subalternos que passaram a cumprir expediente no Clube dos Oficiais com sede na Av. Kenedy, como forma de evidenciar ao Governador a insatisfação com o ato ilegal, tanto em nível estadual quanto em nível federal, da aludida nomeação.

   A reação do governo foi brutal, tanto no aspecto psicológico pois ligavam para familiares ameaçando-nos de prisão e demissão, razão pela qual aqueles viviam em constante sobressaltos, chorando e muito preocupados com os desdobramentos da situação, pois as ameaças de a qualquer momento invadirem o Clube para prender todos e enviar para Fortaleza afim de serem julgados na 10ª Região Militar eram constantes e, assim, metade dos oficiais retornou para a Caserna, sendo que eu e o confrade permanecemos no Clube; quanto ao aspecto material pois ao, no plano legal, ter declarado desertores os irresignados (desqualificados pela imprensa ao serem chamados de caras de pau / em comparação jocosa com os caras pintadas na argentina), retirou todos da folha de pagamento por mais de três meses, ocasionado  sérias dificuldades financeiras. 

   As revoltas carapintadas foram uma série de quatro levantes militares na Argentina entre 1987 e 1990, [...]. Nesse contexto, um grupo de soldados do Exército Argentino, autodefinidos como carapintadas , devido ao fato de se apresentarem com seus rostos pintados como na guerra , desobedeceram às instituições constitucionais e à cadeia de comando , para exigir que o executivo, legislativo e Os tribunais não investigassem e nem julgassem os culpados de crimes contra a humanidade cometidos durante o regime de terrorismo de estado imposto pela última ditadura civil-militar que caiu em 1983. Tendo em vista os atos de deserção que motivaram as agregações,

 

vários oficiais foram promovidos nas vagas abertas, ocasionado o fenômeno de significativo número de oficias excedentes quando o processo de deserção foi arquivado, por que nenhum coronel da reserva quis compor o Conselho Especial de Justiça que nos julgaria e provavelmente seria o estopim das demissões.

  Com a resistência dos oficiais e apoio de pessoas sensatas da sociedade civil maranhense, inclusive do Confrade que nos recepciona, Dr. Alberto Tavares, o episódio foi encerrado, com a demissão do comandante, arquivamento do processo de deserção e depois de muito tempo com a regularização do quadro de organização, ao não mais existir excedentes.

   Particularmente, de tão inconformado com as injustiças ocorridas naquele evento, tentei sair da Corporação pois formado em filosofia concorri a vaga de professor na UFMA, não tendo obtido sucesso; também tentei ir para a PM do recém criado Estado do Tocantins, porém o Comandante Geral da época, maranhense, respondeu-me que poderia me aceitar, mas, como aspirante, mesmo sendo major. Como aspirante não tem estabilidade não quis colocar em risco o futuro da família que havia constituído.

   Durante o episódio, em 1990, ainda major, enquanto afastado das funções por motivo da agregação, candidatei-me a presidência do Clube dos Oficiais, fui eleito e reeleito, e no período providenciei um poço artesiano, ampliei o estacionamento, ampliei as instalações, tornei mais atraente a ocupação da casa de veraneio, coloquei as refeições servidas no restaurante em um padrão de qualidade compatível com o público alvo, mobiliei o clube com cadeiras especialmente preparadas em Açailândia, aproximei sócios ativos e inativos em memoráveis confraternizações.

  Atuei nas questões alusivas a salário, pois a época convivia-se com a defasagem salarial em virtude de não aplicação do escalonamento vertical quando o soldo do soldado acompanhava o salário mínimo, situação só resolvida em 2002; tratei, ainda da questão das diárias que, sem achar que o motorista devia ganhar menos, havia uma grande distorção, pois, a diária de um oficial superior da Corporação era igual à dos motoristas civis do Estado. Nessa jornada tive a eficiente companhia do hoje Confrade Presidente da AMCLAM, como integrante da diretoria do Clube.

    Nesse evento, aumento das diárias, ocorreu uma situação curiosa, pois sempre que o Estado tratava de aumento, eu ficava rondando o Palácio, pois o Chefe da Casa Militar era o meu amigo e contemporâneo da mesma turma do CFO, Cel. Nunes. Em uma dessas tratativas de aumento do funcionalismo entrei no gabinete dele e perguntei: e aí Nunes, vai sair alguma coisa para nós? Ele respondeu infelizmente não. O Secretário de Administração, em todas as simulações está nos deixando de fora, alegando que não tem condições orçamentárias em função do efetivo. Portanto, nem escalonamento, nem percentual. Então perguntei-lhe: e se aproveitássemos a oportunidade para corrigir a distorção das diárias? Ele pegou o telefone ligou para o Secretário e este aquiesceu com a proposta.

  Logo a notícia chegou aos ouvidos do comandante geral que mandou me chamar para cobrar explicações. Ao adentrar no gabinete ele foi procurando, assim de chofre, quem é o comandante da Polícia eu ou tu? Perplexo, indaguei-lhe do que se tratava. E ele continuou esbravejando que como ele iria pagar diárias para a tropa (período eleitoral) pois a seguir ocorreria uma significativa mobilização de policiais para o interior; que eu não tinha autorização para falar em nome da Instituição. Ai eu entendi e passei a lhe explicar que ele não estava bem informado vez que as diárias referentes a deslocamento durante as eleições não saem do custeio do Estado e sim da União, e assim não havia motivo para tanta preocupação; e além do mais realmente

 

não tinha competência para tratar questões relativas à Instituição, porém, como presidente do Clube tinha legitimidade para representar os associados. E assim a questão foi encerrada e as diárias aumentadas.

    Nessa linha política das associações policiais militares, candidatei-me ainda a presidência da Caixa Beneficente dos Oficiais e Praças, em 1994, com uma proposta de criar um conselho administrativo composto de oficiais e praças para gerenciar a Instituição, oportunizando protagonismo às praças, dado que só podia ser presidente oficial superior.  Proposta derrotada.

   Após concluído todo o processo de deserção, e resolvida a questão dos excedentes dei prosseguimento a carreira, sendo designado para o subcomando do CFAP, em seguida para compor a comissão que elaborou a primeira grade curricular do CFO que teve início em 1993 e em março desse ano indicado para frequentar o curso de psicotécnica militar no Centro de Estudos de Pessoal / Exército / RJ, concluído com aproveitamento em dezembro, sendo terceiro colocado.  Em dezembro desse ano fui promovido a Tenente Coronel e designado para a diretoria de ensino. Em 1994, com a qualificação de psicotécnico militar, coordenei, nessa área, concurso realizado pela instituição. Em abril de 1994, fui convidado pelo Cel. Silva para servir novamente na Casa Militar do Governador, no mandato de transição do Governador José Ribamar Fiquene; permanecendo em seguida no governo eleito, exercido pela Governadora Roseana Sarney.

   Em fevereiro de 1996, candidatei-me para uma vaga no Curso Superior de Polícia, vindo a ser indicado para frequentá-lo na APM/CE. Assim, pedi meu desligamento da, nessa época, Assessoria Militar, chefiada pelo Cel. Nogueira. Concluído o Curso, em primeiro lugar, em julho de 1996, logo em agosto do mesmo ano fui promovido a coronel, sendo após a promoção nomeado para o cargo de diretor de ensino. No exercício da função, com carta branca do então Comandante Geral Cel. Bastos, revisamos as normas para ensino e instrução; iniciamos a seleção dos Primeiros Tenentes para a promoção a Capitão; coordenamos o projeto denominado “Encontro de Comandantes de Unidade” idealizado e implementado pelo Comandante Geral, idealizamos e implementamos com aval do Comandante o Projeto Polícia Cidadã.

    Em 06 de dezembro de 1997 assumi, a convite do então Comandante Geral Bastos, o cargo de Subcomandante e Chefe do Estado Maior. À época era o Coronel mais moderno, sendo que, do ponto de vista legal, ao ser nomeado passava a ter ascendência sobre os demais, porém com base na lealdade conseguimos construir uma relação de mútuo respeito, consideração e confiança com os demais coronéis, transcendendo assim o aspecto puramente legal.

                   No exercício das funções, como crítico da efetividade desse importante órgão da Corporação – inclusive a monografia apresentada por ocasião da conclusão do CSP elaborada por mim e pelo Cel. Waldery, abordou esse tema – tratei de pôr em prática a doutrina, trabalhei no sentido de que o EMG deixasse de ser reativo, enfim, demos os primeiros passos, como órgão colegiado, em direção ao seu protagonismo como staff de assessoramento, a sua essência.  

   Além disso exercemos a tarefa de ordenador de despesas, de suplente do Conselho Estadual de Trânsito e criamos um documento, com aval do Comandante Geral, através do qual o policial militar, no âmbito da Corporação, passou a ter a oportunidade de justificar por escrito as suas ações e atitudes consideradas incorretas a luz do regulamento disciplinar, e assim possibilitar um julgamento segundo os pressupostos do sentimento de justiça, ultrapassando a cultura do simples ouvir o subordinado.

 

 

    Em 31 de maio de 2000, fui nomeado Comandante Geral da Corporação, por sugestão do então Comandante, aceitação do então Gerente de Segurança pública e nomeação da lavra da governadora Roseana, a quem sou pessoalmente grato, pois servi na Assessoria Militar do seu governo, fui promovido ao posto de coronel, nomeado Subcomandante e Chefe do Estado Maior e em seguida Comandante Geral tudo por ato de sua Excelência à época. No plano institucional, entretanto, discordei da política de segurança gestada e gerida pelo Gerente de Segurança Pública, principalmente no que diz respeito ao tratamento dado por ele à Instituição, aspecto dito a ele pessoalmente e comunicado por escrito para a então governadora.

  No comando da Corporação os desafios foram de grande monta, pois sem orçamento compatível com suas demandas, a despeito de todos os esforços dispendidos pelo Ex Comandante, faltavam meios logísticos e pessoal, adicionando-se a notória inquietação  dos oficiais em virtude da defasagem salarial, contexto em que vivia-se o fenômeno do soldo do soldado ultrapassar o soldo do primeiro tenente e se aproximar do capitão, em função do fato que o soldo do soldado acompanhava o salário mínimo por comando constitucional estadual desde 1989, e os demais soldos ficavam a mercê da disponibilidade orçamentária do Estado. Do cabo ao aspirante também o clima era antagônico em relação a Organização, devido ao mesmo fato.

   As consequências visíveis no plano material eram falta de fardamento, armamento, equipamento, viaturas, deficiente manutenção das viaturas e quarteis e no plano emocional a insatisfação com os salários passou a ter influência no elã da tropa, reduzindo a eficácia das atividades da Corporação. Além disso, dois eventos estavam batendo a porta, o São João e o início da formação dos soldados barra 2000.

   Após tomar conhecimento da situação reuni os coronéis, 11, e o EMG, traçamos um plano com metas de curto, médio e longo prazo. A curto reivindicar recursos para iniciar o curso de formação de soldado, efetuar o policiamento ostensivo preventivo do São João e que fosse implantado o escalonamento vertical para solucionar a defasagem salarial. Requerido e atendido, menos o escalonamento.

     A médio efetivar um orçamento capaz de fazer frente as mínimas necessidades, ou seja, aquisição de fardamento, armamento, equipamento, viaturas, e manutenção das viaturas baixadas, a previsão dos custos da formação e integração na tropa dos soldados/2000. O orçamento passou de R$ 450.000, para R$ 1.350.000,00. Requerido e atendido.

 A longo prazo a dotação de orçamento próprio para as unidades; locação de recursos no orçamento para pagamento dos docentes policiais e civis dos cursos internos; a implementação de projetos operacionais e recuperação das unidades. Projetos: rondas ostensivas, comandos integrados, comando itinerante, saturação. Não atendidos os projetos operacionais, porém as rondas foram implantadas, e os demais foram pelo menos testados, exceto o saturação dada a sua complexidade, pois envolvia as instituições do sistema de segurança, o MP e o poder Judiciário.

   Em virtude de não ter sido atendido nas propostas operacionais constantes dos requerimentos de longo prazo e nem na regularização dos soldos, e tendo em vista a inércia do então Gerente de Segurança, formulamos um documento, com fitas anexas retratando a precariedade das unidades, contendo todos os problemas decorrentes da negativa e entregamos mediante protocolo ao Gerente para que fizesse chegar nas mãos da Governadora por três motivos: o citado descaso do Gerente; a gravidade da situação, com insistentes ameaças de greve, inclusive as greves posteriores ao meu comando, se as reivindicações feitas naquela oportunidade tivessem sido atendidas, poderiam ter sido evitadas, e eclodiram porque as demandas

 

reprimidas se tornaram insuportáveis; e, por último para fazer contraponto a cultura política de que os governantes nada sabem a respeito dos problemas que acontecem nos órgãos da administração pública.

                  A governadora recebeu o documento, me recebeu no gabinete, conversamos sobre o conteúdo do documento e ela assim se manifestou “vamos ver o que é possível fazer”. Isso em agosto de 2001. Em outubro ela “solicitou” o comando para passar para outro companheiro. Ainda me ofereceu a Assessoria Militar, onde iria ganhar menos do que no Comando, não aceitei. Me nomeou para uma das subchefias da Casa civil, também não aceitei. Passei o comando e entrei com requerimento de transferência para reserva em outubro de 2001.

  Na reserva, aos 50 anos de idade, somando a experiência profissional decorrente da  vivência por trinta anos (1971 a 2001) na Corporação e a convivência com a classe política em decorrência dos cargos que exerci, procurei o Dr. Jackson Lago, no início de 2002 e na conversa que mantivemos, coloquei que ele sairia candidato ao governo do Estado e qual o projeto de segurança pública que ele ou o Partido (PDT) tinha para tratar as questões violência e criminalidade? A reposta foi nenhum. Então me prontifiquei a elaborar um esboço para ser submetido ao crivo do Partido e, naturalmente, ser enriquecido com as contribuições advindas dos debates. Preparei a minuta e quando me dirigir a ele para entregar, falou para eu me filiar ao Partido e entregar o documento para um auxiliar seu que depois me ligaria para tratar do tema. Ele concorreu, perdeu as eleições.

     Para minha surpresa em junho de 2004, minha esposa recebeu um telefonema e me passou dizendo ser do PDT. Atendi e do outro lado da linha alguém me informou que eu tinha sido indicado para concorrer a uma cadeira de vereador nas eleições de 2004. Ainda questionei: mas como? Se não estive presente na convenção. O interlocutor disse traga seus documentos para serem enviados para o TRE.  

  Procurei o Dr. Jackson, relatei a situação para ele que assim me respondeu; “essa candidatura é para facilitar o trâmite do teu projeto no âmbito do Partido”.

   Concorri com todas as dificuldades de um candidato que o partido não quer eleger, e sim angariar votos para a legenda, tive “seiscentos e poucos votos”. Após as eleições nem o prefeito eleito e nem o candidato ao governo do Estado me procurou. Também não os procurei.

     Surgiu no cenário político nacional e local o PSOL, sigla dissidente do PT e capitaneada pela Luíza Helena. Saí do PDT, me filiei ao PSOL e no início os debates eram interessantes, razão pela qual levei a cúpula local do partido a mesma proposta que fizera antes para o PDT.

    Ainda concorri em uma eleição a suplente de senador, porém o interesse de debates reais também foi não levado a sério. Assim a proposta não encontrou guarida. No caso específico do PSOL chamou a minha atenção o número quase incalculável de correntes dentro do partido o que significa dizer que é difícil chegarem a um denominador comum sobre demandas da sociedade, pois eu apresentei uma proposta na área de segurança, mas não vi ninguém apresentar nada nas demais dimensões como educação, saúde, infraestrutura, mobilidade, agricultura, etc.  Não me desfiliei, mas me afastei. Ainda continuo com a proposta a qual já até apresentei para vários comandantes que me sucederam, excetuando os três últimos.

                  Já estava me igualando, evidentemente guardadas as devidas proporções, a Cristóvão Colombo, apenas no que diz respeito a peregrinação, quando este percorreu os reinados de Castilha, da Inglaterra, de Portugal e da França tentando

 

viabilizar sua viagem para as índias, obtendo muito tempo depois, com sua obstinação, o apoio de Izabel, a Rainha de Castillha.

                  Após o desencanto com a política, mais pela minha falta de tato do que propriamente por problema da política, em 2008 a Universidade CEUMA lançou o projeto para a melhor idade frequentar cursos com desconto de 50% nas mensalidades. Ingressei como graduado em agosto de 2008 com base no curso de Filosofia que havia concluído na UFMA, aproveitei cadeiras e me graduei em direito, em 4anos e meio, mais precisamente em dezembro de 2012, já com a carteira da AOB, pois fui aprovado quando cursava o nono período.

  Concluindo, nessa trajetória fui INSTRUTOR DE CURSOS INSTITUCIONAIS DESDE SOLDADO AO CEGESP, escrevi Monografia de conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais com título A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO SOCIAL NA PMMA e PMCE, 1987; A REORDENAÇÃO, REVITALIZAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO, 1988; Monografia O ESTADO MAIOR GERAL DA PMMA E AS OPERAÇÕES POLICIAIS, 1996, apresentada quando da conclusão do Curso Superior de Polícia; A TEORIA DA PROTEÇÃO INTEGRAL E A EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO ADOLESCENTE – 2012, quando da conclusão do Curso de Direito

  Efetuei viagens de estudo / intercâmbio entre as PPMM: PM/CE, PM/SP; PM/RJ, PM/MG; BM/RS, PM/PA; PM/AL, PM/GO, PM/PE, PM/PI; PM/PR; PM/SC; Bem como fui agraciado com comendas TEMPO DE SERVIÇO e BRIGADEIRO FALCÃO, na PMMA; e homenageado pelas PMPI e PMPE com suas respectivas comendas. Também fui laureado em 2019 com a Medalha Governador LUÍS DOMINGUES, por ocasião da solenidade comemorativa dos 107 anos do Gabinete Militar do Governador, indicado que fui pelo chefe do Gabinete Cel. SÍLVIO CARLOS LEITE MESQUITA.  

   Atualmente, cumprido mais um rito de passagem institucional, isto é, passei de oficial da reserva para oficial reformado, o que significa dizer que não poderei mais ser convocado para qualquer missão ou função institucional oficial, divido o meu tempo com a família e as demandas da nova atividade, atuando em algumas áreas do Direito, exceto no campo criminal, adicionando o Grupo de Amigos Para Sempre (GAPS) e, agora, AMCLAM, como novas e auspiciosas janelas de oportunidade para continuar o aprendizado existencial.

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