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  • Foto do escritorAMCLAM

TIRADENTES E OS MEUS REFERENCIAIS


Sigmund Schlomo Freud, pai da psicanálise, brindou a humanidade em seus estudos com os conhecimentos sobre o id, ego e superego, como formadores da personalidade humana, respectivamente, representados pela impulsividade, racionalidade e moralidade, resultando daí que outros estudiosos se lançassem no desenvolvimento de ensaios e teses que nos levariam a tentar compreender a mente humana.

O momento atual vivenciado pela sociedade brasileira, impulsionando-nos a um modelo de vida diferenciado da rotina do mundo moderno, em razão do isolamento social e residencial sugerido pela comunidade científica mundial, em face do aparecimento de uma doença virótica, batizada de Covid-19, que se transformou em pandemia ao ultrapassar barreiras das nações, veio de encontro a uma instável situação política nacional, onde o país convive com a polarização entre espectros políticos de direita, esquerda e anarquistas e que podem levar pessoas e grupos a ações violentas e extremas.

Retomo as pontuações de Freud, analisando-as, visto que nos últimos meses, uma avalanche de informações captadas ora das mídias nas redes sociais, ora dos conglomerados de notícias jornalísticas (televisivas, radiodifusão e impressos), com suas acessibilidades mais facilitados em função da necessidade de preenchimento de um farto tempo disponível, tentando organizá-las na estrutura de minha psique.

Fazendo um paralelo quanto as ações dos mais altos mandatários dos poderes legislativo, judiciário e do executivo nacional, especificamente e particularmente de algumas unidades federativas que vem impingindo a sociedade brasileira, sentimentos de repulsa, pelo cometimento de cristalinos atos que não vão ao encontro dos anseios sociais, respiramos e convivemos com um relativo sentimento de revolta.

Diferentemente, me vem a lume, referenciais, os quais me fizeram despertar às 03h00 da manhã deste 21 de abril de dois mil e vinte e não conseguir mais dar continuidade ao necessário ciclo do sono, pois neste magno dia deste mês no ano de 1792, Joaquim José da Silva Xavier, o TIRADENTES, foi esquartejado por tentar mudar a forma inaceitável de como a sociedade era tratada. O indômito protomártir da Independência que prestou à segurança pública, na esfera militar e civil, serviços patrióticos assinalados em documentos do tempo e de indubitável autenticidade, só veio a ter o reconhecimento da sociedade brasileira através do Decreto-Lei nº 9.208 de 29/04/1946, quando passou a ser comemorado o Dia das Polícias Civil e Militar, em que avulta a sua figura. É inegável que este fato marcante foi uma das bases para a Independência do Brasil.

Os valores internalizados, fundamentados na ética e em minha espiritualidade, constituindo a minha consciência, tornou a minha vida digna e definiu meus princípios e propósitos, objetivando a fins grandiosos que foram alicerçados nos valores morais, transmitidos através do convívio familiar e que sem sombra de dúvidas me direcionaram a defender valores observados naqueles em que foram escolhidos como meus referenciais.

Ainda no começo da vida, os exemplos e as palavras de ordem na casa dos meus pais incluíam, honestidade, dignidade, respeito, responsabilidade, cortesia, otimismo, flexibilidade, solidariedade, tolerância, humildade, perseverança, entre outros; não era um lar sinônimo de perfeição, mas, havia uma busca constante pela melhoria, como seres humanos, e isso se tornou um legado.

A partir daí as experiências vivenciadas contribuíram para o meu aprimoramento e é por tal que exatamente no dia do martírio de Joaquim José da Silva Xavier, despertei antes do costumeiro para referenciar meus heróis, aqueles que me são caros, pois se tornaram meus referenciais de vida.

Ao ser incentivado por meu amado pai a seguir a vida policial militar, desde o meu ingresso na Polícia Militar do Maranhão, passei a observar pessoas possuidoras de princípios (atributos morais e éticos) que pautavam as suas condutas como ser humano e profissional. De muitos oficiais, graduados e até mesmo soldados foram expressões singulares na carreira que abracei.

Certamente, decorridos quase quatro décadas desde o dia 05/03/1981, a própria fragilidade que também a mente vivencia, alguns ficaram em seu recôndito, entretanto, outros que pela própria convivência ao longo dos anos teve o fortalecimento de uma amizade fraterna merece ser evidenciada, até porque em alguma etapa na caserna me ofertaram orientações e ensinamentos contributivos que engrandeceram a minha performance profissional.

Nesta linha, se estende a várias outras personalidades da vida civil, evidentemente, não levo em consideração os seus defeitos (pois como seres humanos , todos nós, possuímos), mas sim, as virtudes humanas (do termo grego aretê e que se refere ao conceito de excelência), defendidas por filósofos e psicólogos, traduzidas nas qualidades moral, religiosa e social, representando a disponibilidade da pessoa em praticar o bem, das quais pude abstrair de suas personalidades e comportamentos, internalizando um ou vários atributos: alegria, amizade, autoconfiança, benevolência, bondade, contentamento, coragem, compaixão, desapego, despreocupação, determinação, diligência, disciplina, empatia, estabilidade, flexibilidade, generosidade, gratidão, introspecção, integridade, honestidade, humildade, justiça, lealdade, misericórdia, otimismo, paciência, perdão, prudência, respeito, responsabilidade, sabedoria, sinceridade, tolerância, entre outras.

A convivência com alguns até hoje continuam a me propiciar intensa satisfação em face da sabedoria acumulada com as suas experiências, outros que já se encontram em outro plano de vida, continuam a desfrutar do meu respeito, consideração, agradecimento e lembranças.

Assim foi em todas as atividades em que participei na vida, ora na Bolsa Paulista de Livros (meu primeiro trabalho), ora Feira das Miudezas, ora na Eletro Alencar, ora nas diversas Unidades, Diretorias e Comandos da Polícia Militar do Maranhão, ora em outras Corporações Policiais da federação brasileira, ora em outras Corporações Policiais de outros países, ora nas Nações Unidas, ora na Escola Superior de Guerra, ora com companheiros das Forças Armadas e hoje na Academia Maranhense de Ciências, Letras e artes Militares.

Concluo afirmando que sem sombra de dúvidas, um rol de grandes homens e mulheres com quem tive a oportunidade de estar e/ou conviver mais amiúde, em algum momento de minha vida pessoal ou profissional, pude experimentar, verdadeiros e salutares exemplos.

Alguns outros, como disse, guardados no recôndito de minha mente, também foram o norte que precisei em algum momento, sendo que como um filme, todos vieram à baila quando na noite anterior quando recebi o brilhante trabalho “O Alferes Tiradentes” do Major Francis Albert Cotta, doutor em história pela Universidade Federal de Minas Gerais, gentilmente encaminhado pelo TC Murilo Ferreira dos Santos, presidente do Instituto de Direito e Pesquisa Militar (INBRADIM), integrantes da gloriosa Polícia Militar de Minas Gerais.



Carlos Augusto Furtado Moreira


Presidente da Academia Maranhense de Ciências, Letras e Artes Militares (AMCLAM), membro da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão (SCLMA), sócio da Federação das Academias de Letras do Maranhão (FALMA), sócio da Associação Maranhense dos Escritores Independentes (AMEI), Licenciatura em História, Bacharel em Formação de Oficiais e Direito, Pós-graduado em Aperfeiçoamento de Oficiais e Superior de Polícia, Especialização em Gestão Estratégica em Defesa Social e Direitos Humanos, Cidadania e Gestão da Segurança Pública e Coronel da reserva remunerada da PMMA.


São Luís – MA, 21 de abril de 2020.


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