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  • Foto do escritorTeodoro Peres

Ó MARIA SOFIA, EU NUNCA MAIS TE VI!

Ó MARIA SOFIA, EU NUNCA MAIS TE VI!


Chama-se Maria Sofia Yasmin Andiara, de família tradicional quiteriense, apaixonada pela sua cidade, celebrou as quatro estações do ano, não as de Vivaldi, as mangueiras e as palmeiras, as lagoas e os morros, os rios, a igreja Nossa Senhora dos Aflitos. Seu nome lembra a doçura do mel.


Maria Sofia cantou a natureza dos lagos e da alma do povo de Santa Quitéria e, por isso, é a sua grande poetisa. Ajudou-me na produção dos meus livros e nas pesquisas históricas. Alberto da Costa e Silva, o poeta maior do Piauí, que escreveu “A moenda” e “Saudades”, nascido em Amarante/PI, às margens do Rio Parnaíba, que chamou de “Velho Monge” e Cruz e Sousa da Ilha do Desterro (Florianópolis-SC), um dos poetas mais originais, por ter aliado elementos simbolistas aos do parnasianismo.


Em meio ao seu espiritualismo extasiante ele soube criar, como autêntico joalheiro de sonhos e de harmonia, à feição de Castro Alves quando assevera, no ardor poético, que no seio da mulher há tanto aroma, nos seus beijos há tanta vida, esta autêntica joia primorosa, o soneto intitulado “Seios”:


“Magnólias tropicais, frutos cheirosos

das árvores do Mal fascinadoras,

das negras mancenilhas tentadoras,

dos vagos narcotismos venenosos.

Oásis brancos e miraculosos

das frementes volúpias pecadoras

das paragens fatais, aterradoras

do Tédio, nos desertos tenebrosos...

Seios de aroma embriagador e langue,

da aurora de ouro do esplendor do sangue,

a alma de sensações tantalizando.

Ó seios virginais, tálamos vivos,

onde do amor nos êxtases lascivos

velhos faunos febris dormem sonhando...”


Sempre foi doce, terna, carinhosa, sensível, amorosa, comovente e suave, qualidades que inseriu em seus versos cheios de honra e dotados de um poder, de muita força criativa. Guimarães Rosa redigiu que as pessoas não morrem, ficam encantadas. Inverídico. Encantados ficam os leitores de Maria Sofia. O cantor e compositor da melhor estirpe, Adoniran Barbosa, em uma de suas músicas, cantou: “Iracema, eu nunca mais te vi”. Fictício. Deveria ter composto: “Maria Sofia, eu jamais te esquecerei! ” A poetisa de Santa Quitéria espalhou doçura e mel sobre tudo que poetizou sobre as coisas e a gente de nossa terra, deixando uma recordação memorável, eterna, duradora.


Em cantar sua cidade, ela celebra a terra querida: Ela canta a cidade tão linda/ canta a paisagem infinda/ até o fim do horizonte/ canta a fonte/Estes verdes mangueirais/ resistindo vendavais/canta as acácias da avenida Francisco Moreira/ canta a vida/ Canta estas noites fresquinhas/ a luminosidade dos dias/pôr-do-sol de mil cores/ canta as flores. Canta a pureza do ar/Canta o triste cantar/do beija-flor tão expressivo/canta ternamente. Canta o azul deste céu/canta o planalto/da minha Santa Quitéria/ canta com o coração. Mantemo-nos. E Deus conserva com festividade sua poesia. Ó Sofia, tu és infungível.


Teodoro Peres

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